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Casos de Covid-19 caem pela metade, mas óbitos mais do que dobram em um mês

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Fevereiro terminou com o maior número de óbitos por Covid-19 desde julho do ano passado em Santa Maria. Foram 37 registros de mortes no mês de apenas 28 dias. Já o número de casos confirmados caiu pela metade em relação a janeiro, quando houve o pico deste dado durante toda a pandemia na cidade. Mas, ainda assim, a quantidade de contaminados no mês foi uma das maiores desde março de 2020, quando houve o primeiro registro. Proporcionalmente, o número de óbitos em relação aos casos confirmados é considerado baixo por especialistas, o que é resultado da vacinação.

Mais de 40% dos santa-marienses entre 5 e 11 anos estão vacinados

Os 37 óbitos de fevereiro representam um aumento de 131% em relação ao mês anterior, que teve 16 registros. Como demonstra o gráfico, desde maio de 2021, o número de mortes estava em queda ou estabilidade em Santa Maria. Em janeiro, o índice voltou a crescer, tendo continuidade em fevereiro. 

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Fonte: Observatório de Dados Covid da UFSM

Com 5.097 casos, a quantidade de confirmações caiu pela metade em fevereiro em relação a janeiro, que teve o recorde de quase 11 mil registros. A queda já era esperada, porque o aumento significativo aconteceu logo após as festas de final de ano, quando a procura por testes de diagnóstico cresceu tanto na rede pública quanto privada de saúde. Ainda assim, fevereiro termina com o quarto maior dado deste indicador desde o início da pandemia, ficando atrás, apenas, de março e maio de 2021 (um dos picos da doença) e de janeiro de 2022. 

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Fonte: Observatório de Dados Covid da UFSM

De acordo com o médico epidemiologista da prefeitura, Marcos Lobato, os indicadores seguem a mesma tendência do que é visto ao longo de toda a pandemia:

- O que sempre acontece é que o indicador de casos confirmados é o primeiro que sobe, seguido pelas hospitalizações. Isso porque os sintomas demoraram um pouco para aparecer e, depois disso, para se agravar. Os óbitos são uma consequência desses dois indicadores, e sempre que temos aumento de casos e hospitalizações, depois de um tempo, os óbitos aumentam. É isso que os dados mostram. Janeiro teve um boom de casos, que refletiu em mais internações logo na sequência. Mais um tempo depois, em fevereiro, aumentaram as mortes. 

MÉDIA MÓVEL

Outro indicador da pandemia, a média móvel de novos casos aponta um declínio da curva epidemiológica ao longo do mês de fevereiro, conforme análise do Observatório de Dados da Covid da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Fonte: Observatório de Dados Covid da UFSM

  • O gráfico mostra a variação da média móvel diária de novos casos no mês de fevereiro. A média móvel de cada dia é calculada com a soma dos casos dos últimos sete dias, dividida por sete
  • As barras em amarelo e azul representam os registros diários de novos casos pelos órgãos de saúde. O traçado em azul, o que seria a estabilização. Já a linha em vermelho é da média diária, com base no cálculo
  • Esse cálculo representa um dado mais fidedigno das novas contaminações que acontecem diariamente, porque os registros oficiais costumam ser comunicados alguns dias após o aparecimento dos primeiros sintomas
  • Dados da última semana ainda podem ter um aumento, devido à defasagem de notificações. Ainda assim, é possível observar que há uma tendência de queda no registro de casos por dia atualmente

PROPORÇÃO

Se comparado ao pico da pandemia, entre março e maio de 2021, a proporção de óbitos em relação ao número de casos registrados ainda é baixo. Março teve 7 mil infectados em Santa Maria, que resultaram em 153 mortes no mês seguinte, em abril. Agora, essa proporção caiu de 10,8 mil casos em janeiro e 37 óbitos em fevereiro.

- Precisamos levar em conta que a vacina mostra que a proteção, de fato, funciona, porque temos mais do que dobro de casos do ano passado e menos da metade de óbitos. Sem a vacinação, estaríamos agora com as UTIs lotadas, como foi ano passado. Agora, isso não vem acontecendo. A Ômicron também se mostra menos agressiva, mas se espalha muito mais - destaca o médico Marcos Lobato. 

Menos de um terço das vítimas estava com o esquema vacinal completo

Dos 53 óbitos registrados em 2022, apenas 15 pacientes estavam com o esquema vacinal completo, o que representa 28,3%. A maioria das pessoas estava sem nenhuma vacina ou com apenas duas doses, contabilizando 17 pessoas em cada uma das situações.

As informações, conforme Lobato, reforçam a importância de estar com o esquema vacinal (com três doses) em dia. Mais do que isso, o recomendado é seguir com medidas como uso de máscara e distanciamento, especialmente em momentos de alta transmissão da Covid-19, como agora.

- As vacinas não garantem uma proteção de 100%. Se temos muito mais gente contaminada, o vírus acaba chegando aos mais frágeis também, aquelas pessoas idosas ou com comorbidades. Para essas pessoas, a infecção é mais agressiva, por isso acabam indo a óbito - analisa o médico epidemiologista.

De acordo com a prefeitura, a estimativa é de que cerca de 60 mil pessoas com 18 anos ou mais estão com a dose de reforço atrasada na cidade. Atualmente, quem vez a segunda dose até 7 de novembro está apto para a aplicação do reforço. Quanto à 2ª dose, a estimativa da Secretaria de Saúde é que entre 500 e 1 mil pessoas estejam com o imunizante em atraso. 

SITUAÇÃO VACINAL DE ÓBITOS POR COVID-19 EM 2022*

  • 15 vítimas com três doses
  • 17 sem vacina
  • 17 apenas com duas doses
  • 4 apenas com uma dose

*Além dos dados de óbitos que aconteceram em janeiro e fevereiro, o levantamento conta uma morte que aconteceu em dezembro, mas só entrou para a contabilização neste ano

HOSPITALIZAÇÕES

Os hospitais de Santa Maria percebem um aumento do número de internações de pacientes com Covid-19 desde o início do ano. A situação, no entanto, não é de superlotação e colapso, como vivido no ano passado. Dos 90 pacientes internados em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da cidade nesta quarta-feira, 22 possuem confirmação ou suspeita da doença. O cenário é mais preocupante na rede privada, que tem 98% de ocupação das 50 UTIs disponíveis (tanto para pacientes Covid quanto não Covid). Há duas semanas, essa ocupação era de 76%. 

Já no Sistema Único de Saúde (SUS), a ocupação dos 64 leitos de UTI localizados no Hospital Regional e Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é de 48.4%. A situação se mantém estável há duas semanas. 

MEDIDAS RESTRITIVAS

No final de semana, o governo do Estado revogou a obrigatoriedade do uso de máscaras em crianças de 5 a 11. A partir de agora, esse grupo tem a máscara recomendada, mas não obrigatória. A medida, em um momento de aumento de casos e retorno presencial das aulas, é considerado precipitada pelo epidemiologista Marcos Lobato. O médico teme também um novo aumento de casos após o Carnaval:

- Neste momento, é importante manter as medidas que temos. Com o Carnaval, as pessoas circularam mais, fizeram aglomerações, o que pode resultar em um novo aumento de casos. O passaporte vacinal também é importante. O controle precisa ser mantido. Não se deve flexibilizar mais nada.

Em relação ao uso de máscara pela população em geral, ainda não se tem uma perspectiva de quando será possível flexibilizar. Mas, a tendência é ocorra nos próximos meses, quando houver queda dos indicadores. 

*Colaborou Felipe Backes

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